Finalmente concluí a leitura de Sangue e Ouro. O livro que marcou meu retorno para as Crônicas Vampirescas que tanto amo. A princípio, o meu receio de ter passado tanto tempo longe da narrativa envolvente da Anne, e somente agora retomar a leitura, era de que aquela velha magia presente nos livros não existisse mais para mim. Que seus personagens não estivessem mais próximos de mim, que eu não me sentisse com eles, ou me sentir como eles. Ao virar da última página posso enxergar o quão tola foi essa ideia. O livro tornou-se um dos meus favoritos de todos já lidos das crônicas. Perdendo para O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados.

Devo concordar com tudo que a Lafa disse, especialmente esses dois parágrafos abaixo:

Citação :

Finalmente pude entender o Marius, pois antes desse livro não conseguia compreender certas atitudes dele, como o fato de ele ter contado o segredo dele pro Lestat, o porquê de ele não ter tentado resgatar o Armand, etc.

Só achei o final meio estranho, e senti falta de maiores detalhes do reencontro dele com o Armand na casa da Maharet. Falando em Armand, amei as descrições que ele fazia dele. Nesse livro também surgiu o primeiro personagem com quem eu realmente me identifiquei: a Bianca. Passei a gostar muito dela.

Marius sempre me foi um personagem indiferente. Tinha por ele aquele velho respeito que muitos dos próprios vampiros possuem em relação ao Romano Milenar. Chego a dizer que havia um certo interesse por ele, mas ainda me sentia mais confortável distante. Seu amor por Pandora e ela própria nunca me foram interessantes, até porque tenho por Armand uma relação mista de amor e fascínio que me impede de admirar alguém que tome a atenção que deveria vir para o pequeno ruivo. Quando li a história de Armand, aquela indiferença por Marius desapareceu completamente, passei a enxergá-lo como digno de certo desprezo. Não podia compreender seus motivos para não ter resgatado Armand, que tanto dizia amar. Cheguei a sentir que quaisquer que fossem seus argumentos e explicações, elas não me seriam convincentes ou válidas. Esse foi um dos primeiros pontos que me atraiu no livro.

Além de poder compreender perfeitamente tais motivos, passei a apoiá-lo e até me identificar com Marius. Nós dois somos mais parecidos do que julguei ser possível anteriormente, quando me achava tão mais próxima do loiro rebelde. Chego até a dizer que, em uma situação semelhante, eu agiria do mesmo modo. Sua personalidade forte, seu ciúmes e esse sentimento de possessividade, o amor pela arte e a alma destruída. Por essas e outras, descubro que meu coração é Romanus e que aquele olhar que jogava sobre ele e sua história era completamente equivocado.

Voltando a falar da história em si. Eu, como admiradora da História, deliciei-me com as descrições de Roma e da política da época, mas foi um completo tédio acompanhar aquela intriga de Avicus, Mael e Marius no início. Eudoxia também foi uma grande perda de tempo e só atrasou o que eu realmente queria saber do livro. Porém o ritmo muda completamente naquele "salto milenar" que cai, justamente, na Itália Renascentista. É meu período favorito em todo livro. Botticelli, quadros, Bianca, Amadeo.

Spoiler:

A busca de Marius por Pandora não foi tão exagerada ou exaustiva quanto imaginei que pudesse ser. Digo, não foi algo a ponto de me fazer querer queimar o livro, como imaginei. Ouso até a dizer que comecei a gostar dela, justamente pelo fato de...

Spoiler:

Ao passo que a história vai chegando ao fim, pareço sentir um vazio. Exatamente o vazio que habita almas feridas, destruídas, como ele próprio diz. Nesse ponto, em que ele recapitula alguns pontos, houve umas das primeiras decepções que tive com o livro. Que foi a ausência de detalhes no encontro dele e de Amadeo. No Vampiro Armand o encontro é bem mais detalhado, gostaria de conhecer a versão do Marius para esse acontecimento, também. Além disso, achei o final um tanto decepcionante, até ousaria dizer que foi corrido. Não consegui compreender tão bem o Thorne, embora tenha gostado dele.

Spoiler: