Neste final de semana assisti (pela milésima vez... hehehe) “Anjos da Noite” I e II e não pude deixar de notar como os vampiros mudaram. E essa mudança, a meu ver, foi iniciada radicalmente pela Anne Rice com o Lestat. Eu diria até que para entendermos os vampiros devemos analisá-los a.L. e d.L. (antes e depois do Lestat... rs). Vi que a maioria das pessoas aqui do fórum é bem jovem e teve a sorte de conhecer apenas vampiros que, por já terem sido humanos, pensam e têm grandes crises de consciência ou de pura maldade. Nem sempre foi assim...

Cá entre nós, o Drácula do Bram Stoker era muuuuuito tosco. Aquele Drácula cheio de sedução e que fez de tudo para recuperar a esposa morta, aquele homem – que supostamente seria Vlad Tepes, o Empalador romeno, cheio de paixão e inteligência, que vocês viram no filme do Coppola não era o Drácula de Bram Stoker. Era o Drácula do Coppola (muito legal, diga-se de passagem). Pois bem, o Drácula original era muito parecido com o Nosferatu, não tinha nada de humano, sequer um resquício. Toda a sua sedução não passava de uma espécie de hipnose para atrair suas vítimas – semelhante àquelas cobras que mesmerizam suas presas antes de devorá-las. Não era ardiloso, nem muito inteligente, mas bastante parecido com aqueles vampiros que o Lestat viu (não coincidentemente) no Leste Europeu – animais enlouquecidos. Era, simplesmente, a encarnação do mal. Assim como o mocinho Johnattan e o caçador Van Helsing eram os perfeitos símbolos do bem, sem qualquer defeito. Muito cristão e muito medieval – preto e branco... Sua única habilidade era transformar-se em lobo e morcego, além de hipnotizar suas vítimas. Morria de medo de cruzes e alho e era destruído com uma simples estaca no coração ou queimado pelo sol, independentemente da idade. Mesmo assim, Drácula foi um sucesso e as pessoas morriam de medo. Também pudera, o povo não tinha nem luz elétrica direito (a lâmpada tinha sido inventada alguns anos antes), quanto mais balas UV... hahahaha

Quando li a Anne Rice fiquei louca! Vampiros que gostavam de música, discutiam filosofia e emocionavam-se com a arte humana! Aquilo sim era verossímel! Aquilo sim fazia sentido! Afinal, ninguém é totalmente bom, nem mal. Lutamos todo o tempo contra aqueles demônios chifrudos e cabeludos que a todo tempo tentam dar as caras. Nem sempre conseguimos domá-los, mas tentamos. Isso era o Lestat, e o Louis, e o Armand, e o Marius e todos os outros que foram aparecendo. Vampiros, porém com sinais de que um dia já haviam sido humanos.

Porém, o que mais me impressionou mesmo foi a origem dos vampiros criada pela Anne. Puxa! Que coisa fabulosa (literalmente... hehehe)! Explicando outros mitos através do mito dos vampiros a Anne fez com que tudo parecesse verdadeiro! Um paradoxo maluco, mas possível graças à incrível capacidade literária desta mulher. Ao mesmo tempo em que explicava o nascimento dos vampiros, ela nos introduzia na mitologia egípcia. Quando descrevia os vampiros presos nas árvores nas ilhas britânicas, ela nos banqueteava com os mitos celtas e as lendas arturianas (lembram do Merlim preso em um carvalho?) Sem falar nos sacrifícios feitos para Pandora e Santino na Índia (me lembraram um dos filmes do Indiana Jones... hehehe). Quanta ironia! Do demônio cristão aos vários deuses e deusas de mitologias diversas... Foi isso o que mais me impressionou nas crônicas e por isso acho essa escritora simplesmente INCRÍVEL!!!

O que mais te impressionou???