Seis de Março de 2014. 6 horas da tarde. Estava dormindo em meu apartamento em Timisoara e enquanto sonhava (ou seria "me lembrava"?) - de novo, a 3a vez essa semana - com Wihelm e as festas que ocasionalmente aconteciam nos acampamentos durante a Guerra, quando de repente começo a ouvir, no sonho, uma música que não fazia parte da época em questão. Uma música de 81, do Michael Schenker, uma instrumental com guitarra e cravo chamada Bijou Pleasurette, que me lembra as músicas que eu costumava ouvir enquanto mortal. Não entendi o porque de estar ouvindo ela em minha mente e demorou um pouco até eu entender que, na verdade, aquele som era meu telefone tocando. O que significava que algum filho de Deus, provavelmente sem nenhum amor à vida, estava me ligando. Ainda com sono e já irritada, atendi.
     _ Bon soir, mon cher!
     _ Lestat, você tem ideia de que horas são?
     _ Sim, estou acordado há um bom tempo.
     _ Sei, mas você sabe que horas são aqui? Aqui são seis da tarde, e eu só acordo mesmo daqui meia hora!
     _ Então, por que me atendeu?
     _ Porque você colocou o toque do meu telefone no meu sonho?
     _ Você vai deixar eu explicar o porquê de ter ligado?
     _ Fala logo de uma vez então, eu já acabei de perder o sono mesmo!
     _ Estou escrevendo um novo livro.
     Oi?
     _ Pretendo lançá-lo em 28 de outubro desse ano ainda e quero dar uma festa.
     _ Então, o velho Lestat está de volta, uh? Fico muito feliz com isso, mas onde é que eu entro, exatamente, nessa história?
     _ Pretendo falar sobre...
     _ Não, Lestat. Quero saber onde é que eu entro nessa história de você dar uma festa. Você não me ligaria só pra me contar do livro, ou pra me convidar pra essa festa, ainda mais com mais de meio ano de antecedência, não é do seu feitio. Você precisa de um favor meu.
     Ele não gostou muito de ouvir aquela última sentença.
     _ Preciso que entre em contato com os outros. Você tem contato com muitos mortais e imortais. Aliás, vocês sabe que, se não for um dos, é o único imortal que consegue isso. Então, entre em contato com eles. Se quiser, pode chamar mortais também, embora talvez seja arriscado.. Se bem que ninguém é louco de atacar os seus mortais. Aquela banda lá, eles ainda estão na ativa, não? Poderia chamar eles também, seria interessante, fica a seu critério.
     Não gostei do tom que ele usou para "aquela banda lá". E mesmo eles estando na ativa, chamá-los é fora de questão. Principalmente porque sei muito bem o quanto Lestat é implicado com o guitarrista que formou a banda... Mesmo que eles, principalmente esse guitarrista, sejam meus mortais, e que mexer com aqueles que estão sob minha tutela não é uma boa ideia, criar caso com Lestat também é fora de cogitação.
     _ Quando e onde pretende dar essa festa?
     _ Não sei. Na Ilha, em New Orleans, em First Street, não sei. Vai depender de quantas pessoas confirmarem presença - o que espero que sejam muitas - mas essa festa vai acontecer na data de lançamento do livro, ou seja, 28 de outubro.
     _ E vai ser uma festa como os mortais fazem atualmente, uma festa à fantasia, ou o que?
     _ Também não sei.
     _ Como é que você quer que eu convide pessoas para uma festa se... Ah, esquece! Esqueci que estamos falando de você.
     _ Que bom que posso contar com você, mon cher!
     _ Eu sei, mas vá pensando em alguma coisa, vou ver o que consigo fazer, tá bom? Agora, me deixe desligar, porque não sei quanto a você, mas preciso urgentemente caçar.
     Tup, tup, tup, tup...