Ah, bem. Por onde eu começo?
Vou começar dizendo que esse não é um livro ruim. É certamente melhor do que A Fazenda Blackwood, sem sombra de dúvidas melhor que Cântico de Sangue (mas qualquer coisa é melhor que Cântico de Sangue, então…). Ele é bem escrito, e me manteve interessada a maior parte do tempo.
Mas, de forma geral… que porra foi essa, Anne?
Sério. Mas. Que. Porra. Foi. Essa.
Ok, ok, eu vou admitir, a premissa do livro é boa. É intrigante. Uma Voz colocando imortais contra eles mesmos e tudo isso, é interesse, mas a maior parte do tempo parecia que a Anne estava tentando recriar as proporções épicas que o A Rainha dos Condenados teve, mas Príncipe Lestat não tem nem metade do que RdC tem.
Eu tenho que dizer que desde o começo eu odiei, ODIEI o rumo da história das Gêmeas. Eu odiei o fato de que a Mekare não tinha nada na mente, porque eu sempre achei que, mesmo com todas as cicatrizes mentais e físicas, ela era consciente do que acontecia a seu redor e bastante inteligente, ainda que de um modo bem selvagem, então essa parte foi desconfortável, tipo um balde de água gelada na cara.
E Maharet? Sábia, anciã e poderosa Maharet? Morta por um vampiro tão facilmente derrotado por Lestat? Sim, eu entendo que ela estava se sentindo suicida, mas eu não acho que consigo perdoar a Anne por isso. Ou pelo doce, estranho Khayman. Não, realmente, eu não consigo engolir essa parte do livro.
Eu AMAVA a história das Rainhas Gêmeas. Eu realmente amava. Sempre foi um dos meus aspectos favoritos das Crônicas Vampirescas, e eu imaginei mais de uma vez uma ou ambas contando suas histórias ao longo dos séculos. Anne apenas… matou elas como se fossem nada. Eu fiquei tão puta quando eu li sobre a morte da Maharet que eu mal consegui pegar no livro por dias. Eu ainda estou puta com isso, meses e meses depois.
Eu gostei de alguns dos personagens novos. Fareed e Seth foram interessantes… mesmo que a confiança total que TODOS os vampiros imediatamente colocaram neles me pareceu improvável. E os mortais desse livro foram todos tão vazios pra mim. Eu não senti nada pela Rose. Rose e Viktor me pareceram uma versão mais fofa, menos irritante da Mona e do Quinn pra mim - e cara, eu realmente ODEIO o Quinn até hoje.
E noap, eu não vou nem me estender sobre a parte do Viktor ser o filho do Lestat. Eu ainda estou tentando esquecer que isso aconteceu.
Mas um dos aspectos que mais me irritaram (além de, você sabe, MAHARET E MEKARE E KHAYMAN) foi o fato de que quase todos os capítulos do livro que não eram no POV do Lestat eram no POV dos personagens novos. Isso me irritou porque, sabe, eu queria tanto, tanto ver o que os velhos e conhecidos personagens estavam pensando. Ao invés de TANTOS capítulos no POV do Gregory e Rhoshamandes, por que nós não tivemos ao menos uns capítulos no POV da Gabrielle, ou da Bianca, ou do Armand?
E já que entrei nesse tópico, o que aconteceu com a personalidade dos personagens antigos? Os únicos que eu pude realmente reconhecer ali foram o Louis e a Gabrielle, porque sério? Armand, de todas as pessoas, pensou que Lestat seria a solução perfeita para um líder? ARMAND? Anne, você lembra como escrever seus próprios personagens? Poxa, eu li os livros há anos e acho que até eu consigo escrever o Armand melhor.
E a falta de interação entre os personagens antigos me irritou MUITO. Por que não vimos uma conversa entre Armand e Bianca? Bianca e Marius? Ou mesmo uma reunião de verdade entre Lestat e Louis, ou Lestat e Armand? Foi decepcionante.
E POR QUE, alguém me responde, POR QUE qualquer um iria pensar que o Lestat é um bom líder? POR QUE alguém iria querer colocar o Núcleo Sagrado no Lestat? Lestat? Um vampiro com menos de 300 anos no Sangue que ja foi viver no solo, que já tentou se matar no deserto, que é completamente inconsequente em tudo? Esse Lestat? Sério, o que esses vampiros tem na cabeça?
E deixa eu reclamar um pouco mais e perguntar, o que foi isso com a ideia de uma monarquia de vampiros? Por que qualquer um iria pensar que seria uma boa ideia uma nova organização/culto de vampiros? Isso não funcionou com a Akasha, não funcionou com os vampiros deuses das Árvores. Poxa, não funcionou nem com organizações simples, como os Filhos de Satã ou o Teatro dos Vampiros.
Ugh, eu mal consegui ler os últimos capítulos no POV do Lestat. Sério, Anne? Sério? Você realmente quer que eu acredite em um Lestat tão bem comportado, que segue regras e é previsível, que não vai ficar doidão as vezes e desaparecer por uns anos? Me desculpe, mas esse não é o personagem pelo qual eu me apaixonei anos atrás.
As melhores partes desse livro foi quando a Gabrielle dá um tapa na cara do Lestat e pergunta se ele tá louco (concordo contigo, irmã) e o epílogo do Louis. Foi… estranhamente dentro do personagem do Louis, considerando o resto do livro. O momento “meu coração pertence a você” [to supondo a tradução aqui porque só li em inglês tá] junto com o Lestat foi super fofo e me deixou toda “awww” no meio do meu ódio pelo que aconteceu com as Gêmeas, mesmo que tenha sido o único momento deles juntos em um livro de mais de 400 páginas.
E uma última coisa que me irritou: a falta de um dilema moral/filosófico. Pode soar bobo, mas sempre foi um dos meus aspectos favoritos nos livros da Anne, não apenas os de vampiro. Senti falta disso aqui.
De modo geral, poderia ser pior… mas poderia ter sido tão, tão melhor. E eu não acho que vou jamais esquecer ou perdoar o quão medíocre e sem sentido foi a morte da Maharet