A Ilha da Noite
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Para aqueles que amam o maravilhoso mundo criado pela Mestra inigualável Anne Rice. Lestat, Louis, Armand, Marius, Mayfairs, A Talamasca... Todos estão aqui.
 
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 Clarice Lispector-A Caleidoscópica

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Ágatha de Lambert
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MensagemAssunto: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/10/2010, 7:34 pm

Clarice Lispector


Eu conheci a Clarice, quando assisti a um episódio da serie "Tudo o Que é Sólido Pode Derreter", da Tv Cultua, o episódio era sobre o livro-meu favorito-"Uma Aprendizagem ou O Livro Dos Prazeres". A Clarice, tem um jeito, um tanto simples de escrever, talvez seja por isso que jovens gostam bastante de literatura dela; meu primeiro Clarice, fou o que citei acima, e gostei tanto que comprei outro, "A Paixão Segundo GH, esse é muito bom, pra maioria das pessoas é o melhor, mas eu prefiro O livro dos prazeres.
Uma parte que eu gosto muito do livro é:
A dor fora anquilosada e paralisada dentro de seu peito, como se ela não quisesse mais usá-la como forma de viver. Mas essa precaução não era ainda a que a salvaria: pois em lugar da dor, nada viera senão a parada da vida dos sentimentos
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A Clarice, é uma das poucas pessoas que, conseguem me ajudar, quando eu estou com alguma dúvida, ou medo, ou seja... sempre! Quando eu leio algum livro dela, é como se ela me entendesse, e como se quisesse me ajudar, assim como várias outra pessoas, que sentem o mesmo. O Livro dos Prazeres, parece ter sido feito pra mim; tem uma grande quantidade de pensamentos nos livros e poesias, e textos, e tudo da Clarice, eu vou colocar alguns que eu gosto muito:
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.


A palavra é o meu domínio sobre o mundo.


Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.



Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.



Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.


É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.


Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.


Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.


Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.


Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calma e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.


Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.


...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.

"a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."



Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.


Gosto do modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.


Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever


Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas


“Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos.
Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.”


Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco,
Sem o qual a vida não vale a pena!!!"


Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.


"...Respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver."



Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece.


"Mas quero ter a liberdade de dizer coisas sem nexo como profunda forma de te atingir. Só o errado me atrai, e amo o pecado, a flor do pecado",


Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado


Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos


Inútil querer me classificar,eu simplesmente escapulo não deixando. Gênero não me pega mais."

"Abro o jogo!
Só não conto os fatos de minha vida:
sou secreta por natureza.
Há verdades que nem a Deus eu
contei. E nem a mim mesma. Sou
um segredo fechado a sete chaves.
Por favor me poupem"


Ando de um lado para outro, dentro de mim.


Não me corrija. A pontuação é a respiração da frase, e minha frase respira assim. E se você me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.


Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir


(Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar.”)


Pecado

(O pecado me atrai, o que é proibido me fascina!)


(Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.)


("Cuide-se como se você fosse de ouro, ponha-se você mesmo de vez em quando numa redoma e poupe-se.")


(Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.)


("Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada".)


(Deitada em minha rede com o livro sobre meu colo
em extâse purrissímo...não sou mais aquela menina
com seu livro,mas uma mulher com seu amante..!!)


("Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.")


("Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
Por enquanto tu olhas para mim e me amas. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.")

(Já que sou, o jeito é ser.)

(O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo.)


(No fundo ela não passará de uma caixinha de música meio desafinada.)


(Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.)


(" - Que é que eu faço? É de noite e estou viva. Estar viva esta me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro. ")


(A poesia dos poetas que sofreram é doce e terna. E a dos outros, dos que de nada foram privados, é ardente, sofredora e rebelde.)


(Toda vida é uma missão secreta...)


(Sou cada pedaço infernal de mim.)

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Gostaria de contribuições.... se for possível, quem gosta da Clarice?!







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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/11/2010, 2:03 am

Grande Clarice.

Agatha querida, vc gostou dessa nova biografia lançada pelo americano Benjamim Moser? Assisti a entrvista dele na GloboNews e achei promissor.

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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/11/2010, 12:54 pm

Também gosto d Clarice, amo as frases dela,tenho q me lembrar
d comprar algum livro dela pra minha
biblioteca (minima,eh claro) XD

Mas nunka entendi direito,a frase:
"Não era mais uma menina e seu livro,era uma mulher e seu amante."
Alguém me explica,por favor?
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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/11/2010, 2:48 pm

É uma frase de um conto da Clarice!





FELICIDADE CLANDESTINA

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu nao vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte"com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. As vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. ***




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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/11/2010, 3:12 pm

Eu sei q eh desse conto,mas eu não entendi
o q ela quis dizer com a frase:/
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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/12/2010, 4:17 pm

Bom, Nanda (Bianca), Clarice escrevia para sobreviver. Não no sentido financeiro, como uma profissão, mas no sentido mais radical da palavra "sobreviver". Para ela, leitura e escrita são funções orgânicas, e essa relação ela expressou, no conto Felicidade clandestina, como uma relação conjugal mesmo - a troca, a interdependência, a doação, as mudanças que esposos acabam causando um no outro. Não é assim mesmo? Quando estamos "apaixonados" por um livro ele acaba fazendo parte de nós, nos modifica e só se completa por causa de nós, leitores. A garota escrota (a dona do livro) não percebia essa relação leitor/obra, ela não tinha essa vivência e enxergava nas obras que possuía simples objetos. Mas a narradora via esse "algo mais", essa comunhão entre obra/leitor. Além disso, tente ler o conto como se fosse uma conquista: a narradora deseja o livro, que pertence a outra. Ela corteja o livro, sofre por ele, submete-se a humilhações para tê-lo, tal qual acontece numa conquista amorosa. Quando passa a possuí-lo, o "casamento" é consumado. Os dois ficam "enfim sós" e poderão passar a usufruir da intimidade matrimonial. Tanto, que ela não tem pressa em lê-lo. Ela quer desfrutá-lo aos poucos, como esposos não têm pressa pois têm uma vida inteira juntos (lembra? ela pode ficar com o livro "pelo tempo que quiser"). Bem, em poucas palavras, mais ou menos isso.
Espero ter ajudado.
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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/12/2010, 4:19 pm

Eu disse "poucas palavras" porque conheço gente que fez uma monografia inteira, e até teses, só sobre fragmentos de contos. Essa mulher é maravilhosa!!!!!!!!! Amo demais, é minha musa, e com certeza uma de minhas filhas chamar-se-á Clarice. Fato.
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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/12/2010, 6:12 pm

Citação :
Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. As vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. ***

Pelo que eu entendi desse trecho ela fala da passagem de certos sentimentos infantis por sentimentos mais adultos e usa o livro como objeto concreto, testemunha muda, dessa transformação.

No começo ela infantilmente, acreditava na boa fé da "amiga" e confiava que ela realmente ia emprestar o livro... Depois, amadurecendo dia após dia, começou a ver que a "amiga" a enganava e não tinha a menor intenção de emprestar nada.

No começo ela ia na casa da menina pegar o livro movida apenas pela intenção de ler, mas depois quando a mãe da garota aparece e exige satisfações, em um estalido ela desperta e cria o amadurecimento de argumentar e esclarecer o que estava acontecendo.

Essas são provas abstratas do amadurecimento dela.

No final ela recebe da mãe da menina a autorização de ficar com o livro pelo tempo que quiser ou seja... Se apossar pelo tempo que quisesse de algo que sabia não ser seu. Não era um caso de ficar com ele enquanto precisasse e sim enquanto quisesse. Ela não é mais a menina que solicita um favor, é a senhora dona da situação.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. Ou seja ela havia amadurecido e o livro assim como um amante, pertencia a outra, mas ela o teria nas mãos para desfrutar dele pelo tempo que quisesse com toda a maldade que o amadurecimento lhe dava.

O livro nesse caso é comparado com um amante por pertencer a outra pessoa e por ser objeto nas mãos das duas para deleite e vingança, cada uma a seu modo. Primeiro a "esposa" o esfrega na cara da menina, e mais tarde, a menina amadurecida o esfrega na condição de "amante" na cara da esposa.

Muito longo né? >_< Mas foi o que eu entendi, não achei jeito mais curtinho de explicar.
study
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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime8/13/2010, 11:20 am

Ah,agora sim eu entendi, muito legal o sentido d frase,
Felicidade Clandestina fou meu 1º conto q eu li d Clarice.
Obrigado por tirarem minha duvida ;D
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MensagemAssunto: Re: Clarice Lispector-A Caleidoscópica   Clarice Lispector-A Caleidoscópica Icon_minitime

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